Ela ainda está aqui
A fotógrafa oficial da família é minha irmã, mas desta vez foi diferente

Eu não sou uma pessoa que gosta e lembra de tirar fotos. Eu simplesmente esqueço de registrar os momentos, mesmo com a facilidade de ter uma câmera fotográfica no celular nos dias de hoje. Eu geralmente deixo essa tarefa para a minha irmã fotógrafa, mas o impacto que o filme “Ainda estou aqui” causou em mim, fez com que eu agisse diferente.
Era fim do ano e eu fui visitar a minha mãe. Na hora de ir embora, peguei minha bolsa, caminhei em direção a porta até que eu lembrei das cenas finais do filme e travei em uma breve conversa comigo mesma em pensamento:
Por que não? Ah… Ela não vai lembrar… Mas, por que não fazer uma foto de família? Ah… A família é pequena… Mas, e daí, por que não?
Interrompi a minha ida até a porta, dei meia volta, abri a bolsa, saquei o celular e disse:
- Vamos tirar uma foto? Todos juntos?
Quando minha filha e eu nos posicionamos para tirar a foto, a reação da minha mãe me surpreendeu e me emocionou muito.
Imediatamente lembrei de uma mensagem que um fã do filme “Ainda Estou Aqui” escreveu no Twitter, e o escritor Marcelo Rubens Paiva respondeu:
A reação de minha mãe durou milésimos de segundos, se comparado com as milésimas horas de não reação no restante do dia.
Foi um sorriso rápido, com direito a uma gargalhadinha - gargalhadinha não, como posso dizer? - foi um riso, riso se encaixa melhor como descrição, um riso engraçado parecido com soluço.1
E foi assim que minha mãe, sem dizer uma palavra, disse, por um instante:
- Eu ainda estou aqui
A dedicatória que minha mãe não leu
Meses atrás eu fiz uma provocação ao contar que, no lançamento do meu primeiro produto como empreendedora, eu vendi apenas quatro unidades do meu livro digital e que “nem minha mãe, que foi a musa-mor inspiradora do livro, comprou. Mas este é um assunto para outro post".
O post chegou - este aqui - e agora você sabe o porquê da minha mãe não ter comprado o meu livro digital, nem ter lido a dedicatória que fiz para ela, que segue abaixo:
MINHA MUSA INSPIRADORA PARA ESCREVER ESTE LIVRO
Engraçado que, quando a gente é adolescente, é comum querer se distanciar dos pais para conseguir desenvolver a própria identidade. Comigo não foi diferente. Muitas das coisas que minha mãe fazia eu não entendia.
Mas hoje, a cada dia que passa, eu me vejo mais parecida com a minha mãe. Com uma diferença: ela era muito mais corajosa do que eu.
Eu achava que somente os grandes poderiam fazer. Os grandes autores de livros. Com seus grandes resultados em vendas. "Como assim minha mãe vai escrever e lançar um livro? Será que ela vai conseguir vender?"
Quase todas as manhãs, minha mãe praticava meditação e os exercícios de inspiração e expiração seguindo um livro antigo de ioga, todo despedaçado de tanto uso.
Apesar de manifestar em palavras a vontade de ter um filho médico, ela, uma criativa sem mesmo ter consciência de que era uma, com suas ações, apoiou e ajudou seus três filhos a se tornarem artistas: um publicitário, uma fotógrafa e uma estilista.
Estudiosa autodidata das diversas religiões e muito espiritualizada, dedicou seu tempo em ajudar os outros por meio de palavras de fé e esperança.
Minha mãe adorava cantarolar enquanto costurava ou lavava a louça. Em torno de 40 anos, uma idade em que muitos se acham velhos demais para começar, ela se matriculou em uma escola de música para aprender a tocar órgão.
E, em 1986, aos 42, minha mãe lançou, junto a outros poetas, o seu primeiro livro. Eu tinha 11 anos.
Hoje, eu, aos 48 anos, estou lançando o meu primeiro e-book. E minha filha Camila está com a mesma idade que eu tinha quando minha mãe publicou o primeiro livro dela.
"Mãe, eu sei que você não vai ler esta minha dedicatória. Mesmo que você quisesse, a doença que te acomete há alguns anos, o Alzheimer, não permitirá que isso aconteça. Mas sei que você vai sentir toda a minha gratidão e amor. Mãe, muito obrigada. Com amor, de sua filha Denise."
MINHA MÃE, NAS PALAVRAS DE MINHA MÃE
Para escrever sobre as lembranças da minha infância, busquei fotos antigas e livros que minha mãe escreveu e publicou.
Nessa volta ao passado, pude perceber a coragem de minha mãe. Ela, depois dos 40, com filhos já crescidos, foi em busca de realizar seus sonhos sem se preocupar com a opinião dos outros, sem medo da exposição nem de falar em público. Será que hoje ela estaria fazendo lives no Instagram? Ela participou de Festival de Música com composições próprias, lançou livros com tarde de autógrafos na Bienal do Livro de São Paulo e abriu uma associação sem fins lucrativos dedicada a ajudar o próximo.
E por que estou contando um pouquinho da história de minha mãe? Para que a história dela, quem sabe, possa inspirar você, assim como me inspirou!
Minha mãe, nas palavras dela:
"Minha missão na Terra é divulgar a ciência do amor, a compreensão cósmica. Tudo que Deus criou é perfeito, e o supremo Criador e Arquiteto fez da Terra um Paraíso, mas somente os homens que alcançam a consciência das Leis Universais da Harmonia Cósmica trabalham para fazer bela e luminosa a nova era que se aproxima. Agradeço aos doze mestres da sabedoria, tornando-me ecumênica e universalista. Agradeço a Deus pela família maravilhosa que me deu, e a grande família da qual faço parte: a Humanidade."2
O Oscar vem!

Eu já tenho um programão para o próximo domingo dia 02 de março, às 22 horas. Se tudo der certo, eu estarei em frente à TV assistindo a transmissão do Oscar, torcendo por Fernanda Torres e Walter Salles, aproveitando para ver o desfile das celebridades no tapete vermelho!
Desejos e planos não tão secretos
Na semana que vem eu pretendo publicar o que seria a minha primeira e-carta oficial e que por algum motivo - vergonha, medo do cancelamento, perfeccionismo excessivo ou apenas bobagens, vozes e imaginação da minha cabeça - ficou esquecida no churrasco da caixa de rascunhos.
É uma e-carta que foi escrita, se não me engano, em dezembro de 2023. Nela eu relatei sobre desejos e planos que eu executei por alguns meses e desisti em um dia, o que faz a carta ser atual, pois, continuo com desejos e planos executados e abandonados, e com novos desejos e planos sendo traçados, o que me faz refletir sobre a linha tênue que separa aquilo que se deve seguir em frente e o que deve ser deixado para trás.
Para lançar o meu primeiro produto como empreendedora digital, eu criei a marca D+ Estilo.
Coloquei como missão, proporcionar às mulheres, aquele 1% mais de confiança e liberdade, por meio das roupas, cores e autoconhecimento, para que elas recuperem sua própria identidade e possam inspirar aquelas que mais amam: suas filhas, sobrinhas, amigas.
“As pessoas importam. A natureza importa. A beleza importa. A inteireza importa. Quero ser capaz de me importar". E.F.Schumacher
Inspirado no verso “tenho um sorriso bobo, parecido com soluço” da música Sereníssima, Legião Urbana. Sempre ele por aqui, Renato Russo.
Zilda Tamanaha, no livro “Divina Inspiração”, novembro de 1991.